A VINGANÇA DE EMILY MACLAUREN
A VINGANÇA DE EMILY MACLAUREN
Autor: Ronygley Carvalho Fonseca
- Não, eu já me cansei – disse o delegado furioso, incrédulo, e porque não dizer aterrorizado, diante do depoimento surpreendente de Thomas Mclauren, irmão caçula de Emily Mclauren, jovem brutalmente assassinada, depois de ser estuprada e espancada por Richard Hewitt, Daniel Cooper e David Williams, esses que, até então, se diziam amigos da família Mclauren.
Richard Hewitt telefonou para a jovem Emily Mclauren, convidando-a à sua residência, a fim de ajudá-lo em um trabalho escolar.
A pobre moça foi até a casa de Richard sem saber que estava sendo atraída para uma terrível armadilha. Chegando lá, Richard, juntamente com seus amigos Daniel Cooper e David Williams, violentaram a pobre moça, espancaram-na e mataram-na covardemente, a facadas.
Depois dessa abominável atrocidade, Richard e os amigos enterraram o corpo em um vale próximo ao local do crime.
Passaram-se dias, semanas e meses, mas ninguém sabia do paradeiro de Emily Mclauren. A polícia foi acionada e começou a investigar o caso, procurando as pessoas que estiveram por último com Emily Mclauren.
Uma caravana policial foi à casa de Richard, mas ele, dissimuladamente, e com uma frieza implacável, respondeu todas as perguntas dos policiais, negando qualquer participação no desaparecimento da jovem, embora tenha sido a última pessoa com quem Emily Mclauren estivera antes de desaparecer.
- Não, senhores - disse Richard -, Emily ajudou-me no trabalho e saiu dizendo que iria para casa.
Certo dia, uma intensa multidão encontrava-se no vale. Crianças, que, por ali brincavam, perceberam uma parte fofa na terra e, mal começaram a cavar, não demorou muito a aparecer primeiro um anel de prata com uma mão já em adiantado estado de putrefação.
A polícia foi acionada e, juntamente com a equipe de legistas, recolheu o cadáver para averiguarem se este, realmente, era o corpo da jovem desaparecida. O laudo médico confirmou: sim, aquele era mesmo o corpo de Emily Mclauren, que antes de ser esfaqueada fora seriamente molestada.
O passo seguinte era, agora, encontrar os criminosos responsáveis por tamanha desgraça. Novamente uma caravana policial foi à casa de Richard Hewitt para um interrogatório, já que era ele o principal suspeito do assassinato.
Um tanto inseguro com a pressão dos policiais, Richard confessou ser o responsável pelo assassinato de Emily Mclauren, tendo como cúmplices seus amigos Daniel Cooper e David Williams.
Os três jovens foram presos e ficaram detidos até o dia do julgamento. Mas, devido a falta de provas e à eficácia do advogado de defesa, eles foram absolvidos de toda a culpa, fato que revoltou toda aquela cidade. Como era possível que monstros e facínoras daquela espécie ficassem em liberdade?
Os anos passaram e, ninguém lembrava mais desse crime, inclusive os próprios assassinos. Foi quando telefonemas e bilhetes com terríveis ameaças em nome de Emily Mclauren começaram a tirar o sono dos três jovens. As ameaças eram terríveis e sempre diziam:
- A sua hora está chegando, você não perde por esperar, eu não me esqueci de você e nem de seus amigos.
Os três rapazes, então, reuniram-se em um bar para tratar do assunto.
Apavorado, Richard dizia para os amigos:
- Eu recebo estas ameaças o tempo inteiro. Seja quem for, está tentando nos assustar. É melhor tomarmos muito cuidado. – Que tal irmos até a policia?
- Ficou louco Richard!? – Disse David.
- Vamos até a polícia dizer para o delegado que estamos sendo ameaçados por Emily Mclauren, a garota que matamos há tantos anos atrás? Eles nunca iriam acreditar.
- Eu concordo. – Disse Daniel. - O melhor que temos a fazer é não comentarmos este assunto com ninguém e, principalmente, tomarmos todo o cuidado possível.
Transcorreram-se dias e nenhum dos jovens receberam mais ameaças. Eles já nem se lembravam mais deste fato.
Foi quando o inesperado aconteceu: Primeiro, David sumiu sem deixar rastro, deixando Richard e Daniel apavorados.
Em seguida, foi a vez de Daniel, que também sumiu como se fosse tragado pela terra. E por fim, foi a vez de Richard.
A polícia novamente foi acionada, mas, desta vez, o caso ainda era pior que o de Emily Mclauren, porque o autor dos desaparecimentos não deixou pistas. Depois de muitas investigações e sacrifícios, a polícia encontrou os despojos dos rapazes no porão da casa de Emily Mclauren. E o pior é que todas as provas e indícios do crime caíam sobre o irmão caçula de Emily Mclauren - Thomas Mclauren - que foi levado para a delegacia e agora prestava depoimento.
-Senhor Thomas Mclauren, o senhor é o principal suspeito do assassinato desses três jovens. Todos os indícios apontam para o senhor. A quem o senhor está tentando enganar com esta história? O senhor acha mesmo que eu vou acreditar no absurdo que o espírito de sua irmã o obrigou a matar esses jovens, clamando por vingança? . – Indagou o delegado.
- Eu vou repetir a história outra vez doutor. – Disse Thomas Mclauren. Primeiro, tudo o que fiz foi por medo e obrigado pelo espírito de minha irmã Emily Mclauren. Tudo começou três meses após seu assassinato. Passei a ter pesadelos com minha irmã. implorando por vingança contra Richard, Daniel e David. A princípio eu não dei tanta importância, mas os pesadelos começaram a ser mais terríveis e constantes. Certa noite, ao acordar de um pesadelo apavorante... eu não pude acreditar, no entanto, não estava sonhando! Era real, estava ali bem à minha frente o espírito de minha irmã, clamando:
‘ - Vingança... vingança...vingança!’
‘Tomei coragem e perguntei por que ela estava fazendo isso comigo. E ela respondeu:
‘- Thomas, meu irmão, você precisa se vingar daqueles assassinos para defender minha honra e fazer justiça; caso você não o faça, eu não sairei jamais de seus pesadelos.’
‘Foi então que decidi colocar esse plano macabro em ação. Comecei a dar telefonemas e escrever bilhetes ameaçando os rapazes em nome de minha saudosa irmã. Era já madrugada de sábado para domingo quando seqüestrei David. Não tive muita dificuldade, pois ele voltava de uma boate muito embriagado e não ofereceu a mínima resistência. Outro fato que facilitou as coisas foi me sentir possuído por estranha força. Sei lá, sentia-me como se alma saísse do corpo para dar espaço a outra. O cativeiro das vítimas era o porão de nossa casa, onde agrilhoei David, completamente nu e amordaçado, em dois ganchos fixados na parede até passar o efeito do álcool. Grande parte da embriaguez de David já havia passado quando senti novamente a estranha força apoderar-se do meu corpo. Eu tentava em vão lutar contra ela, mas era impossível. Peguei o estilete e arranquei friamente os olhos de David, que, mal podendo se mexer, contorcia-se e gritava acorrentado na parede. Não satisfeito com tamanha maldade, peguei a tesoura de jardineiro e cortei bem devagarinho seus dois testículos. Um gemido terrível e abafado ecoou naquele lugar. Deixei-o nesse estado durante três dias e, quando voltei, pude ver que a vítima agonizava em um estado de semiconsciência. Foi quando resolvi acabar com a agonia da vítima: peguei o facão e passei sutilmente na garganta de David, que ainda tentou emitir algum som, antes de morrer.
‘- Pronto! Um já foi. Só faltam dois: o Daniel e o Richard.
‘Para atrair esses outros dois à vingança de minha irmã Emily, bastou dizer, a cada um, que o outro se encontrava escondido em minha casa e precisava falar-lhe, porque assim estariam se protegendo daquela estranha ameaça. Telefonei para Daniel, dizendo que David queria falar com ele em minha casa, mas que não avisasse Richard, para não atrapalhar os planos. Toca a campainha e abro a porta, era Daniel, que queria ver David. Então eu disse:
‘- Por aqui, ele está esperando por você escondido no porão.
‘Sem desconfiar de nada, o ingênuo Daniel seguiu-me até o porão. Abri a porta e disse:
‘ - Lá embaixo!
‘Mal David deu as costas, outra vez a estranha força tomara conta de meu ser e empurrei com toda a força o pobre Daniel escada abaixo, que caiu inconsciente. Ao acordar, Daniel encontrava-se amordaçado e algemado com as mãos pra trás em uma cadeira. Mesmo tonto pela queda, viu o cadáver já em adiantado estado de decomposição do amigo David. Eu podia ver o terror nos olhos de Daniel, mas tinha que executar a vingança de Emily. Foi quando novamente senti a força estranha tomar conta de meu ser. Tirei os sapatos de Daniel e, com um torquês, comecei lentamente a arrancar as unhas de seus pés. Ele começou a gemer e todos os músculos de seu corpo vibravam. Foi quando me veio em mente fazer uma forma diferente de escalpo: em vez de só arrancar o couro cabeludo, arrancaria da parte do pescoço para cima. Apanhei o escalpelo e fiz um corte superficial em torno da pele do pescoço, arrancando-a bruscamente, e deixando Daniel em carne viva, mas somente do pescoço para cima. Com a intenção de vê-lo sofrer um pouco mais antes de matá-lo, joguei sal grosso nas partes que eu havia lesado. Contorceu-se todo, até ficar imóvel, o infeliz. Finalmente, eu estava satisfeito. Acho que já o fizera-o sofrer demais. Então, peguei um punhal e finquei-o em seu coração. Percebi um último suspiro. Eu já tinha acabado com dois dos assassinos da minha irmã, só faltava pegar o Richard. Ah! Como este me deu trabalho, resistiu e lutou até o último momento. Fui pessoalmente até a casa de Richard dizer que David e Daniel encontravam-se em minha residência e precisavam falar com ele, porque tinham descoberto quem fazia as ameaças em nome da minha irmã. Usei a mesma tática que usei com os outros, conduzi-o até a entrada do porão e abri a porta.
‘- Eles estão lá embaixo. – Disse eu.’
‘Senti novamente a estranha força de que já falei, e, quando Richard percebeu que eu iria empurrá-lo, segurou-me pelo braço e ambos rolamos escada abaixo. Trocamos vários socos e pontapés, mas Richard estava em desvantagem, afinal, ele não conhecia o ambiente, enquanto eu conhecia cada canto daquele porão. Foi um cruzado de direita certeiro em meu rosto que quase me levou a nocaute. Apavorado, Richard ainda chegou a ver os corpos dos amigos torturados e mortos por mim. Completamente desorientado e machucado em razão da luta, ele tentou escapar, subindo pela escada do porão; mas teve a infelicidade de torcer o tornozelo e rolar escada abaixo outra vez. Rapidamente, peguei o machado e, com um golpe certeiro, decapitei seu braço direito. Banhado de sangue e berrando alto, ele ainda ofereceu resistência. Desferi outra machadada que agora decepou o antebraço esquerdo. Por alguns instantes, ele ficou ali imóvel, mergulhado em sangue. Olhei-o fixamente e disse:
‘- Esta é a vingança de minha irmã, Richard. - Esta é a vingança de Emily Mclauren.’
‘Com um olhar hostil, a voz trêmula e sussurrante, ele disse:
‘- Pro inferno você e a vagabunda da sua irmã.’
‘O ódio tomou conta do meu ser, a força estranha, que me movia a fazer aquelas barbaridades, manifestava-se agora de forma mais intensa. Peguei o martelo e desferi-lhe um golpe na boca que lhe arrebentou toda a arcada dentária. Não satisfeito, tirei do bolso uma navalha e cortei-lhe as duas orelhas e, em seguida, o nariz.
‘ - Sangra... sangra, maldito!’
E por fim, para dar cabo à vingança de minha irmã, apanhei o machado e dei um golpe fatal na cabeça daquela figura semimorta. Terminada minha tarefa, sentei no degrau da escada e fiquei em silêncio. Foi quando ouvi o chamado de minha irmã:
‘- Thomas! Thomas!’
‘Apareceu feliz e orgulhosa à minha frente e disse:
‘ - Eu agora posso ir em paz... Obrigada meu, irmão. Adeus!
‘E isso é tudo, delegado’.
- É uma história em tanto senhor Thomas Mclauren; contudo, muito difícil de acreditar. – Disse o delegado. Guardas! Guardas! Podem levá-lo para a cela.
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