O SÓTÃO

O SÓTÃO

Autor: Mephisto

350"



Subi as escadas do sótão devagar.

Sabia, perfeitamente, que a coisa estava lá. Ela dormia lá. Às vezes, como Janet, folgava o laço de corda que cingia o seu pescoço e, descendo de seu tamborete de enforcado, se punha a passear pelo assoalho. Eu já ouvira, várias vezes, a sua ronda macabra e solitária.

Por que subi? Não sei. Foi um arroubo de coragem que se seguiu a uma mistura de pó colombiano e uísque paraguaio.

Mesmo assim, senti medo.

A lanterna focou o rosto exangue do enforcado. Ele sentiu a minha presença e abriu um único olho.

Quis correr, mas era tarde. Com seus fortes punhos, atou-me ao pescoço o laço que segundo antes alçava a sua garganta. E, içando a corda, esperou pelos meus estertores.

Depois de situar, metodicamente, o tamborete sob os meus pés, que ainda tremiam e já se punham a oscilar, adquiriu um aspecto aterrador, antes de se diluir numa obscena massa putrefeita.

Há quanto tempo isto aconteceu? Não sei... Meses, anos, décadas, talvez...

Sei apenas que ouvi passos subindo as escadas de minha morada. E um vigor extraordinário se apoderou de minhas rígidas mãos, enquanto um pavor indisível era expulso violentamente dos olhos de meu sucessor.

FIM

(Quem tiver inteligência, que calcule o número de MEPHISTO. Ele é o número de um homem. E o seu número é 57).

FIM

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