A morte mostra a saída

A morte mostra a saída

Autores: Mártin e Romeu


Há muitos anos fui levar flores a meu tio que falecera em 1987 e que estava sepultado no cemitério situado nas proximidades de São Bento do Sul.


Como já era 18h30, final de tarde, meio distraído, não percebi o tempo passar, e quando me dirigi ao portão, havia um enorme cadeado trancando a saída.


Por mais que gritasse, ninguém me ouviria, visto que nesses cemitérios de cidadezinhas interioranas não se vê uma única pessoa a quilômetros de distância. Mesmo assim, de desespero gritei nervosamente agitando os braços.


Enquanto berrava, vi um grande vulto fazendo gestos como se estivesse me chamando.


Primeiramente, tentei pular o muro, mas no portão havia lâminas superafiadas, que provocaram cortes profundos em minhas mãos, das quais jorrava grande quantidade de sangue.


O cheiro do sangue se dissipava no ar, com isso a fera, que sentiu o odor, começou andar em minha direção como se quisesse fazer de mim o seu jantar.


Então comecei a correr para todas as direções como um louco. Em tudo que tocava, coisas como: cruzes, túmulos, anjos e altas vegetações ficavam vermelhos do sangue que escorria de minhas mãos.


Como corria em direção contraria ao vulto, procurava espantar o meu medo, esperando parar de correr e encarar a situação de frente, entretanto temia que se parasse algo de ruim iria acontecer.

Como confio em Deus, tinha decidido enfrentar o problema. Cada vez o vulto chegava mais perto; quando ele chegou quase a encostar em mim, puxou-me até um muro quebrado onde pude sair e ir para casa dormir.


No dia seguinte, tomado de coragem fui até o cemitério olhar o que ocorrera.


Cheguei lá e vi rastros de sangue que apontavam na direção de uma cova comum de vários escravos enterrados no ano de 1889.




FIM

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