O MISTÉRIO DO HOMEM DE PRETO

O MISTÉRIO DO HOMEM DE PRETO

Autor: Luiz Lanzieri

172"

Na delegacia, um homem todo sujo, e com os pulsos machucados, chegou correndo desesperadamente, procurando por ajuda. Ele começou a se exaltar, e alguns policiais o levam a um canto para saber o que se passava. O homem sentou-se em uma cadeira, enquanto falava:

- Meu nome é Ross, e o que venho a dizer é de extrema importância.

-Pare de delongas e comece logo a dizer o que sabe! – Disse um policial.

- Tudo bem. Assim que os Smith foram embora, o homem de preto chegou. Ele se mudou para lá, mas ninguém jamais o via. Vivia trancafiado em casa e parecia ser altamente anti-social. Porém, eu sei o que ele É, SÓ EU SEI O QUE ELE FAZ, EU SEI O QUE ELE FEZ COM OS SMITH!!!!

O delegado, percebendo a exaltação de um homem que ele logo reconheceu como Ross, seu parceiro de pesca, procurou inteirar-se do que estava acontecendo:

-Que baderna é essa, Ross? Qual o motivo do escândalo?

- Desculpe, delegado, estou falando sobre aquele homem que chegou à nossa cidade. Eu queria fazer uma denúncia!!!

- Ótimo! Pois então vá logo, também quero saber o que há de tão suspeito com esse cara.

-Como eu ia dizendo, estava realizando meus afazeres, enquanto minha mulher estava com meus filhos na casa de minha sogra; foi aí que ele bateu à minha porta.

- Que estranho... Os boatos são que ele só vive isolado. Que horas eram? – Indagou o delegado.

- Eram mais ou menos 4:30h da tarde, estava para escurecer. Ele me disse que em sua casa havia um cano furado. Como eu já havia sido encanador por algum tempo, ofereci-me para ajudar.

E completou:

-Assim que entrei em sua casa, percebi um cheiro estranho e depois de um tempinho andando lá, um pano encardido veio ao meu rosto e eu não me lembro de mais nada. Acho que ele me apagou com clorofórmio.

- Continue! O que aconteceu? – Perguntaram os policiais, sobretudo o delegado.

-Acordei, depois, com as mãos amarradas a um cano de ferro na parede. Percebi que o homem estava com um avental branco sujo de sangue e um cutelo na mão. Quando abriu a geladeira, percebi que lá havia vários pedaços de carne, e, ao reparar melhor, percebi uma cabeça, que era da Srª Smith! Desesperado, perguntei a ele o que ele queria e o que ele havia feito coma família Smith. Ele olhou para mim com uma cara muito pálida e com olhos brilhantes. E, de maneira muito fria, respondeu:

-Pois é, eles não queriam me vender a casa, e, como na cidade de onde vim eles não aceitam muito antropofagia, eu os usei para servirem a uma causa maior, assim como você servirá, para matar minha fome.

Enquanto falava, retirou o seu avental e limpou as mãos. Veio para perto de mim e começou a dar uma risadinha forçada. Colocou um toca-discos para funcionar e foi tomar um banho, eu acho.

-Com o pouco que restava de minha força, consegui derrubar o toca-discos. Quando o disco de vinil caiu, quebrou-se todo, e um pedaço caiu perto de minha perna. Consegui pegá-lo cortei a corda, com um ruído não muito alto. Mas o homem deve ter-se alertado e já devia estar se enxugando. Desesperadamente, eu corri até a porta e tentei abrir. Estava trancada. Peguei a cadeira e quebrei o vidro da janela. Saí por ali mesmo e vim correndo, até chegar aqui.

O delegado olhou para ele com uma cara de incrédulo e disse:

-_Ross, eu também não vou com a cara desse cara, nem sei como ele é direito; mas, olhe só: você está confuso. Faça o seguinte: vá para casa, tome um banho e durma um pouco. Se amanhã você tiver certeza do que está falando, eu vou dar uma olhada.

-Tá bom, eu acho que foi só um pesadelo mesmo.

Poucos dias depois desses acontecimentos, o jornal local exibia a foto de Ross na seção de desaparecidos. O anúncio dizia que a última vez que fora visto, estava saindo da delegacia.

FIM

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