O CHICLETE MUTANTE ASSASSINO

O CHICLETE MUTANTE ASSASSINO

Autor: Fernando Ferric.

246"

Carlinhos estava indo para a escola, como de rotina ele passou na banquinha de doces do Seu Pedro. Balas, chocolates, pirulitos, salgadinhos, tudo reluzia como ouro para ele, viu em uma pequena caixa preta, chicletes com uma embalagem prateada.

-Nossa que chiclete diferente!

-Ah sim... Esse chiclete é lançamento. Está fazendo o maior sucesso.

-Que legal! Quanto custa tio?

-Apenas três reais cada.

-O que? Três reais? Que absurdo!

-São chicletes mutantes, garoto! Você acha que vai conseguir um chiclete mutante em qualquer lugar? São importados.



- Importados da onde?



- Um país bem longe, nem sei pronunciar o nome direito, acho que é “Taiwan”, veja que está tudo escrito em “Taiwandês” . Esse chiclete quando está na boca cria formas de bicho e estoura na boca, soltando um suave aroma de menta.



Carlinhos estava babando, nunca tinha mascado um chiclete mutante com a embalagem preta com o nome em “Taiwandês”. Contou o dinheiro que sua mãe tinha colocado na sua mochila.


- Poxa... Só tenho dois e cinqüenta...



- Tá bom vai... Como você é freguês, vou te fazer um desconto. Mas vê se não abusa,

hein?



Carlinhos pegou aquele chiclete como se fosse uma pedra de diamante.



- “Brigado”,Seu Pedro! Até mais... – disse Carlinhos colocando a mochila nas costas e saindo em disparada.



Carlinhos passou a aula toda pensando naquele chiclete, queria mascar no intervalo, passar quinze minutos mascando aquela delicia. A professora de português falava, mas ele só conseguia pensar...



“Chiclete mutante” “Chiclete mutante” “Chiclete mutante”



Seu pensamento foi interrompido com um cascudo do Jão Sujão, o pior aluno da escola, todo mundo tinha medo dele.



- Acorda, cabeçudo!!!



Carlinhos fingiu que não era com ele e continuou a viajar...



“Chiclete mutante” “Hummm...suave aroma de menta...” “Quando está na boca ele cria forma de bichos...”



Duas horas passando vontade, mas seu martírio tinha chegado ao fim. Com o sinal do intervalo, todos os alunos correram para o pátio.


Carlinhos pegou seu chiclete do bolso, e abriu cuidadosamente a embalagem prateada. Ele já podia sentir o aroma suave de menta, ficou passando o dedo e sentindo a textura macia e perfurada. Quando já não agüentava mais, abriu a boca e...


- Me dá isso aqui! – Jão Sujão meteu a sua grande mão gorda e lhe tirou o chiclete.



- Não, por favor! Meu chiclete... Devolve meu chiclete mutante! – gritou Carlinhos.



- Chiclete mutante? Deixa de ser estúpido, cabeçudo! – respondeu Jão – Ele me parece bem delicioso...



Ele não podia deixar aquilo acontecer, tomou coragem, cerrou os punhos e deu um soco na barriga de Jão. Infelizmente nada aconteceu.



- Muleque estúpido! Acha que pode me bater? Vamos ver se esse chiclete é bom mesmo.



Jão jogou o chiclete na sua grande boca. Era o fim! Carlinhos não podia acreditar que aquele monstro tinha-lhe roubado o chiclete mutante.

Os olhos de Jão mostravam todo o prazer que ele sentia naquele momento.



- Que delícia! Tem gosto de menta, cabeçudo! Olha essa bola? Que maravilha!



A cada bola que Jão inflava formava um bicho diferente. Os outros alunos logo cercaram para ver a “mágica”.



- Tô com sede! Dá essa coca aí! – disse Jão tomando o refrigerante de uma garota.



Deu uma tremenda golada e continuou mascando, de repente seu corpo começou a tremer.


- O que está acontecend... comig...



Seus olhos começaram a inchar, da sua pele estouravam bolhas de pus como se fosse um vulcão em erupção.



- Por favor me ajud.... – pedia Jão desesperado, mas todos estavam apavorados com aquilo.

Sua boca começou a derreter e seus dentes caíram no chão. Seu corpo estava se transformando em puro pus. O odor que saía de Jão era insuportável, muitos alunos correram, outros ficaram assistindo aquele “freak show”, um deles era Carlinhos, que não conseguia disfarçar sua felicidade em presenciar Jão Sujão virar sujeira.

As pernas de Jão se dobraram, seus joelhos já estavam se desmanchando, em seguida seus olhos saltaram da face, tomando uma forma assustadora.



A meleca que saía dele era um tipo de ácido, corroía tudo que encostava. A inspetora da escola nada pôde fazer, porque quando chegou não restava mais nada.



Restara apenas a embalagem prateada que rolava o pátio com o soprar do vento.


Nela estava escrito: Cuidado não consumir com Coca Cola! Em “Taiwandês é claro!”


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