O JOVEM E A VELHA

O JOVEM E A VELHA

Autor: Jeduartejr

Clóvis

Jovem estava no escritório de sua casa escrevendo, como sempre, um conto de terror para o Recanto das Letras. Já se tinham passado quatro horas, e, mesmo assim, Jovem continuava a escrever seu assustador conto, quando de repente chega ao pé da porta sua filha, queixando-se de insônia.

-Pai, eu não consigo dormir - reclama a menina, coçando o olho.

Seu pai se vira assustado, vê uma menininha enrolada num lençol, e se comove...

-Não entendo. Por que não consegue dormir, Velha?

-Não sei – responde a menina. – Tô com medo...

Jovem se levanta e olha sua filha nos olhos bem adentro, perguntando-se qual o motivo de tal emoção.

-Qual o motivo de tal emoção?

-O que é emoção?

-Ué, você não sabe?

-Não – respondeu a menina meigamente, fazendo uma carinha extremamente fofa, que comoveria o mais durão dos touros.

Jovem vai em direção a Velha e a pega nos braços, deixando que ela o acaricie nos cabelos, ato que sempre fazia.

-Encontrou algum piolho?

-Não, mas tem um piolho enorme lá no meu quarto... – terminou fazendo um biquinho.

-Eu adoro quando você faz isso.

A menina de quatro anos, loira e de olhos azuis, devolve-lhe uma gargalhada, acariciando ainda mais os cabelos de seu pai.

-Qué bejoo – diz Velha.

-Beijo, aonde?

-Na boca.

-Não, pode não, sua mãe fica com ciúmes – brinca o pai.

-Mamãe tá dormindo, papai – diz, mais meigamente ainda. – Tu num sabia não é?

-Ah, eu num sabia – responde o homem. – Então só um, certo?

-Tá – diz a menina nos braços de seu pai.

Jovem dá um sorriso, beija o nariz de sua filha e, logo depois, dá-lhe um selinho.A menina fica feliz da vida por ter conseguido beijar seu pai, sentia-se a maior por beijar um adulto – ainda mais sendo na boca.

-Quero mais – diz a menina, fofa.

Jovem começa a sentir um fogo invadindo-lhe o coração.

-Vamos pro seu quarto? – pergunta-lhe o adulto.

-Vamo – sussurra a menina de repente.

Jovem vai levando-a nos braços, a linda menininha, em direção ao quarto colorido que pagara com tanto sacrifício.Bota a menina na cama, sentada, e começa a tirar seu pequeno vestido, depois a calcinha, até deixá-la completamente pelada.

-Porque você ta fazendo isso? – pergunta ao adulto, pensando que era uma brincadeira.

-Agente vai brincar – diz o homem – Você quer brincar?

-Eba! – grita a menina, feliz da vida; Velha adorava brincadeiras novas.

-Shhh. – diz o pai, com o dedo indicador sentenciando o silêncio. – Se sua mãe acordar ela vai estragar a brincadeira.

-Desculpe, pai.

Seu pai também foi tirando a própria roupa, inclusive a cueca, e subindo na menina, que não pode gritar – seu pai a segurava pela boca. Sabe-se lá que brincadeira era aquela.

O dia amanheceu como que num piscar de olhos. Sofrida estava em seu leito, dormindo tranqüilamente, mas, ao perceber a falta de seu marido ao lado, decidiu sair para procurá-lo.Levantou-se e procurou por ele em algumas partes da casa, nada de encontrá-lo.”Deve ter ido a igreja”, pensou Sofrida. Então, já que se levantara, decidiu dar uma passada no quarto de sua filha para desejar um bom dia.

Foi subindo as escadas e, ao chegar em cima, encaminhou-se ao quarto da garotinha, como a chamava. Foi descerrando aos poucos a porta semi-aberta e, lá dentro, viu que seu marido tinha dormido por lá mesmo, estando coberto pelo lençol – Velha também compartilhava do pano.

Com um sorriso no rosto, comovendo-se com a cena vista por seus olhos d’água, foi se aproximando e, ao puxar o lençol, constatou um fato estranho estranha – sua filha estava sem roupa. Mas, o que mais a surpreendeu, foi quando avistou seu marido sem roupa. Não os acordou, tinha reparado a vagina de Velha vermelha e, seu marido, ele não respirava... Sua filha também não!

Percorreu mais ainda os corpos dos amados, e viu, na cabeça de ambos os familiares, um buraco enorme, e, na mão de Jovem, uma pistola com silenciador. Começou a tremer repentinamente, a mão na boca, lagrimas saindo, toda a força tinha se esvaído. Não tinha mais razões para nada, nem para depois da morte. Ficou observando os dois amores, chorando, rindo, não se sabia bem o que...

Olhou novamente para o amor homem, seu marido, foi descendo os olhos por seu braço, parando fixamente as pupilas na pistola.Caminhou lentamente, tremendo do pé à cabeça, e, e, pegando a arma, após olha-los pela ultima vez, pôs a arma na cabeça.

-Até logo – murmurou, desenhando um último buraco, agora em sua cabeça. Afinal de contas, quando sua filha, anteontem, a chamara para dizer que Invejoso, da sua classe, a tinha chamada de burra, dissera que todos somos iguais e que nenhum é melhor nem pior que o outro.

Estava agora igual a seus amores...

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