O ENTEADO
O PROFESSOR
Autor:Jeduartejr
Rachel percebia que ele a olhava estranho.O professor Augusto a tinha chamado para conversar sobre um determinado assunto.Só o educador e a adolescente se encontravam na sala de aula.Estranho, muito estranho.
-Sente-se Rachel.
Rachel se sentou, mesmo estando contrariada.Um professor não faria mal a uma aluna.
-A Jaqueline disse que o senhor me chamou.
Ele a fitou, sério.
-É... verdade.
-Bem, estou esperando.
Augusto a fitou mais sério ainda.O que aquele homem estaria prestes a dizer?
-Espero que me entenda, Rachel.
-Se o senhor me contar?
Ele ficou encarando os próprios sapatos, olhou para ela. Aquele homem estava prestes a contar.
-Você acredita em Deus?Acredita em um homem que nos protege todas as noites e que nos encaminha ao bem?
Ela deu um risinho.O que aquele doido queria?Estava Fazendo ela perder o intervalo.
-É sério?-Ela perguntou.
-Acredita que Lúcifer pode fazer a mesma coisa?
O sorriso de Rachel tinha sumido.
-Eu... acredito em Deus.-Sua voz passava medo.
-E no Diabo, você acredita?
Ela cruzou as pernas, depois descruzou.
-Pra que isso, professor?-Perguntou, com um sorriso tímido.
Augusto deu um risinho.
-Você é minha amiga, Rachel?
Ela olhou para a porta, depois voltou a olhar o homem.
-Sou, senhor.Não teria motivos para não ser.
Ele se remexeu um pouco incomodado, parecia estar preocupado.
-E... se eu... se eu lhe... se eu fosse o mensageiro de Lúcifer na Terra?Você ainda seria minha amiga?
Silêncio... Rachel não respondeu.Que conversa era aquela?Aquele homem não deveria andar por aí nas ruas, muito menos ser um professor.
-Tudo bem, Rachel.-Se levantou, foi até a porta.-Você já pode ir.-Disse, abrindo a porta.
Ela se levantou, queria sair logo, quanto mais rápido melhor.
-Até logo, senhor.-Disse, saindo.
-Até breve, Rachel.Até breve.-Ele a olhou por um instante.-Espere.
Ela foi se virando, bem devagar.Não acreditava naquilo.O professor portava em sua mão esquerda uma pequena faca.
-Sim, senhor?-Seus olhos fitavam a arma.
-Venha aqui.
Ela deu dois passos, dois passos cheios de medo.
O professor a olhou, parecia pensar no que estava prestes a acontecer.Rachel passou a mão na testa, enxugou o suor do medo.
Pânico... O professor tinha enfiado aquela pequena faca no coração da menina.
-E agora?Você ainda é minha amiga?
-Filho da...-Ela caiu no chão.
Rachel, a adolescente que tinha toda uma vida pela frente, estava agora morta.O que seus pais pensariam?Pobre do pai, pobre da mãe.
Uma coisa branca começou a sair do corpo da menina; aquela coisa foi tomando forma, virando gente; virou uma menina, ou pelo menos da cintura pra cima.
-Porque, professor?Porque tirastes a minha vida?-A voz, suave como o vento.
-Você foi muito má, Rachel.-A voz bem baixinha.-Minha menina, sabe quem sou?
Ela não respondeu.Um sentimento tocou seu coração e ela pareceu lembrar de tudo.
-Isso mesmo, Rachel.Você me tirou da minha mãe, da sua mãe.Eu era apenas um bebê naquela barriga, Rachel.Você não teve piedade, minha irmã.
-Foi... um acidente.Eu não queria derrubá-la.
O professor soltou um risinho.
-Será?Minha menina.Será que você realmente gostaria de ter um irmão?
Uma lágrima escorreu pelo rosto ventoso da menina.
-Eu sinto muito meu irmão... por... favor... me perdoe...
-Sim, Rachel.Está perdoada.Vá, descanse em paz.
A fumaça branca foi sumindo aos poucos.Augusto apenas notou a feição triste que se fazia formar no rosto da pobre menina.
-Pobre Rachel.O
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