DEMONÍACA OBSESSÃO
DEMONIÁCA OBSESSÃO
Autora: Lady Blond
Dedico este conto Lady Daphne e Selva, e Janaina.
Deitada em sua solitária cama de casal,era possível admirar o negrume do céu e seus milhares de pontos incandescentes que brilhavam ao redor da grande rainha da noite, a lua, totalmente cheia, esplêndida, lânguida e sensual. Não saberia explicar o porque desta noite em especial exercer este fascínio, este encanto sobre si. Esta noite tão bela e misteriosa lhe trazia lembranças de amores perdidos, desilusões, assim como os momentos compartilhados com esses amores. Volúpia, êxtase, prazer...mas nada que a tivesse marcado tanto assim. Apesar de já ter provado de tudo no que diz respeito ao sexo, queria algo novo, diferente, inesquecível. Algo ainda melhor do que as experiências inovadoras da atual sociedade promíscua e vulgar. Tudo pelo prazer. Não dava pra explicar essa estranha necessidade, apenas sentia ,e como sentia. Um calor febril apossou-se de seu corpo, um formigamento entre as pernas a fez se contorcer sobre os lençóis, mordeu o travesseiro, apertou o colchão. Parecia uma fêmea no cio, ardendo por um macho que lhe penetrasse as entranhas e aliviasse todo o tesão contido. Não mais resistindo,levou sua mão ao ventre liso e quente, retirou sua calcinha de algodão enquanto afagava seus seios e apertava os mamilos intumescidos num doce massacrar com os dedos. Com movimentos de desce e sobe passou a massagear seu triângulo aveludado para então se aprofundar no interior de suas carnes extremamente úmidas e latejantes. Foi aumentando a intensidade das carícias até que espasmos sacudiram seu corpo, de sua boca semi-aberta descia um filete de saliva, e um girar dos olhos lacrimejantes denunciava o clímax se aproximando. Com a respiração acelerada e arfante, seguida de um urro abafado, largou-se sobre a cama ,até seu coração voltar ao ritmo normal. Apesar do gozo intenso, ainda não se sentia satisfeita. Queria mais, precisava de mais, ansiava por um homem de verdade e o queria naquele momento, na verdade começou a pensar como seria se não fosse exatamente um homem, certamente um ser forte, imponente e viril que não fosse desse plano seria capaz de dar-lhe um prazer jamais sentido por mulher alguma na face da terra. E assim em meio a um voluptuoso delírio sensual passou a invocar um amante da noite.
- Oh! cavaleiro da noite, príncipe da escuridão, venha até mim e me dê todo prazer que anseio nesta hora.Se você existe e estiver me ouvindo, eu lhe entrego o meu corpo e minha alma, se preciso for...
Dito isso,uma lufada de um vento gélido e fantasmagórico invade o quarto, esvoaçando lençóis e cortinas provocando-lhe arrepios pelo corpo todo. O brilho da lua que iluminava parcialmente o quarto foi bloqueado por uma enorme sombra e o cheiro que exalou foi de puro jasmim, deixando-a inebriada. Uma figura adentra pela janela,com movimentos muito sensuais. Não era possível definir suas feições, pois, além da escuridão do quarto, o ser era a própria escuridão, porém eram nítidos seus musculosos contornos masculinos e a sombra de seu membro ereto não negava que era muitíssimo bem dotado. E quando ele se aproximou sorrateiramente,como um felino à caça de sua fêmea para acasalar, e a tocou, não restaram mais dúvidas de que era real. Suas mãos ora macias,ora fortemente firmes, iniciaram um passeio por todo seu corpo de baixo a cima, explorando cada centímetro, transmitindo impulsos elétricos, arrepiando sua pele alva, provocando uma excitação que beirava o insuportável e ela imediatamente abriu as pernas.
- [TENHA CALMA,MINHA PEQUENA,TEMOS A NOITE INTEIRA...]
Falou com uma voz que causou um estrago ainda maior em suas sensações, entorpecendo seus sentidos.Nunca ouvira uma voz como aquela, capaz de colocar em transe qualquer uma que a ouvisse. Seu hálito era muito perfumado e quando a beijou, pensou que morreria. Sua língua, doce como mel, explorava cada recôndito de sua boca e seus lábios eram muito macios. Quando se pôs sobre ela, fazendo-a sentir seu peso e a virilidade pulsante pressionada contra seu ventre, ela gozou imediatamente, antes mesmo que a penetrasse. Ficou inicialmente frustrada por ter sido tão tola e inexperiente diante daquele deus,mas estranhamente, como se ele soubesse as sensações que ela experimentava,balbuciou em seu ouvido num tom muito grave e sensual:
-[PRAZER...]
O efeito foi imediato,estava novamente excitada e tinha a sensação de que atingiria o clímax quantas vezes fossem possíveis em uma noite.Isso mesmo,estava certa,foi uma atrás da outra, sem intervalos, em todas as posições, de todas as formas imagináveis e inimagináveis. Nunca imaginou ser possível sentir um prazer tão grande e incessante, ter vários orgasmos ao mesmo tempo e, cada vez que os tinha, bastava uma palavra vinda daqueles lábios,para sentir novamente o desejo aflorar de seu ventre. -
[PRAZER,PRAZER,PRAZER.]
Ele não se cansava, ela não se cansava, e somente quando o dia estava prestes a raiar, ele disse que era preciso partir.
- V-você voltará,não é?
- Não será possível voltar.
- Oh,não!E porquê?
- Porque na verdade,minha pequena,eu a levarei comigo.
- É mesmo? Uau! E pra onde me levará,hein? Estou curiosa,hi! hi! hi!
- Você logo verá.
Naquele instante, ele a tomou nos braços e lhe deu um beijo sôfrego,violento,brutal,que a fez sentir o gosto de seu próprio sangue.Ao abrir os olhos, o que viu a sua frente foi um ser repugnante, asqueroso e nojento.De seu rosto cresciam bolhas purulentas que estouravam e abriam feridas de onde saiam vermes e secreções escuras e viscosas. Não conseguia respirar, pois o cheiro que ele agora exalava era fétido e nauseabundo,seu sorriso exibia dentes muito apodrecidos e a língua que teimava em escorregar para fora da boca era tal e qual a de uma serpente de coloração verde e cheia de feridas. O corpo, antes mais perfeito que o de um atleta, agora se encurvara, carregando uma enorme corcunda verruguenta e de sua fronte surgira um par de chifres como de um carneiro. Suas mãos se pareciam mais com galhos de árvore e seus dedos com gravetos velhos de tão ossudos e secos. Sentiu que ia vomitar quando olhou em volta e percebeu que não estava mais em seu quarto; apesar de ainda estar muito escuro, havia uma luz acima de sua cabeça como a saída de um poço ou, talvez, um abismo muito fundo. Perto de si, aos montes pelo chão, havia cadáveres em decomposição; o odor de putrefação era insuportável; milhares de vermes e insetos de todas as espécies começaram a sair dos orifícios daqueles corpos e agora iam em sua direção,aproximando-se de seus pés. Ao tentar se afastar, percebe que está acorrentada a uma parede suja e muito úmida; seu corpo nu estava preso a uma parede de onde escorriam gotas grossas de um líquido vermelho vivo. Deus! Era sangue escorrendo daquelas paredes. Ela começa a se desesperar e olha com um olhar suplicante para aquele que a trouxera para ali. Como alguém fora capaz de lhe dar tamanho prazer e depois tornara-se uma criatura tão medonha e pavorosa? Então, como se isso pudesse levá-la de volta,ou fazê-lo assumir sua antiga forma, ela balbucia com voz trêmula e embargada pelas lágrimas que teimavam em rolar copiosamente por seu rosto:
-P-prazer!?...
Ele esboça um sorriso macabro,e lhe dá as costas.Nesse instante, emergem das sombras, do chão e de dentro das paredes, outros seres de aparência ainda pior que a dele. Se colocam a sua frente, todos com uma expressão de ansiedade pelo que viria a seguir,cada um deles ostentando um instrumento diferente. Eram dezenas deles,um carregava um ferro em brasas, outro um cutelo muito afiado, outro uma serra elétrica,um outro uma furadeira, ainda outro agulhas enormes e outras ferramentas que ela jamais vira antes. O Desespero era imenso,queria morrer de uma vez para não sofrer tanto,mas algo lhe dizia que a morte era um bem valioso que ela não teria nunca mais.
Antes de sair,o horrendo ser ainda lhe lança um último olhar enviesado e diz:
- Aqui, minha pequena, não há prazer, apenas dor. Uma infinita dor...
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