O SER DA NOITE (Conto) João Paulo B.

O Ser da noite.


João Paulo B.


Este relato que vou lhes fazer aconteceu supostamente com meu avô, que sempre jurou pela veracidade do acontecido. Meu avô na época era eletricista da empresa de energia elétrica da cidade e trabalhava no turno da noite.

Já passava das onze da noite e a madrugada se adentrava profunda, quieta, somente o som do silêncio dominava, quando meu avô recebeu um chamado no rádio para atender uma ocorrência na área urbana da cidade, prontamente ele foi checar o problema, passado alguns minutos descobriu que o defeito na verdade era a alguns quilômetros dali, já na área rural, como já estava ali naquela hora resolveu ir adiante e resolver o problema.

Pronto, estava ele no local do problema junto de mais dois eletricista em fase de experiência, desceram as escadas da caminhonete, pegaram as lanternas e todos os equipamentos necessários, a trilha era um pouco longa mato adentro, até ai tudo bem, seguiram proseando quando se depararam com um senhor que morava nas imediações, pararam para cumprimenta-lo e ver se descobriam algumas informações como trafo queimado e etc. Ali nada descobriram exceto avisos sobre o perigo que corriam sozinhos e desarmados naquela mata e sem armas, mas como me lembro do meu avô, sua reação no momento não me espanta, ele começou a rir na cara do senhor, pois, não acreditava em nada que não pudesse ver ou tinha visto.

Andaram mais meia hora até que encontraram o problema, era uma bananeira que causou um curto em uma das fases da alta tensão, fizeram a manutenção rapidamente e preparavan-se para voltar quando viram um enorme vulto entre as bananeiras, os três ficaram paralisados de medo, mesmo assim gritaram para ver quem estava ali à uma hora dessas, mas não obtiveram resposta, prontamente um deles se lembrou dos avisos do velho e o medo passou a reinar entre todos, mas não podiam ficar ali parados eles pegaram as lanternas e se muniram de canivetes prontos para voltar, mas do nada surgiram gritos próximos do local onde estavam, sem pensar eles correram na direção dos gritos(de mulher) chegando em uma casa velha feita de madeira se depararam com uma cena meio assustadora.

Naquele lugar o cheiro de sangue era forte, e muitos animais mortos como galinhas, bodes e cabras, eles acalmaram a mulher jovem de uns trinta anos que estava na janela chorando, pois seu filho mais velhos havia pegado a espingarda e corrido na direção do animal que fizera aquela desgraça no seu criadouro. Os três rapidamente pensaram na hipótese de ser um lobisomem bem como o velho senhor contara, meu avô sem pensar muito pediu para a mulher da casa se ela tinha facões ou uma espingarda para emprestar assim eles poderiam ir atrás do filho que demorava a chegar, ela entrou e voltou com uma espingarda, dois revólveres 22 e uma garrucha velha mais ainda funcionando bem, na hora meu avô pegou a espingarda e um revolver e foi seguindo as pegadas do rapaz e deixou os outros dois eletricistas no local para guardar a mulher, meu avô andou quase uma hora, e só parou, pois escutou muitos gritos e pensou ter vindo da casa, ele correu o mais que pode para chegar a tempo. Mas era tarde quando ele chegou no local já era tarde, o choque foi muito grande, a mulher estava toda baleada na frente de sua casa, mas ainda viva e os dois eletricistas repletos de sangue, questionados sobre o ocorrido eles contaram que após meu avô se afastar alguns metros a mulher começou a ficar ofegante e estranha como se pressentisse algo pior, eles ficaram atentos a tudo quando em um piscar de olhos surgiu da trilha uma forma monstruosa de lobo, mas como estava muito escuro não puderam ver realmente se era um lobo ou um homem, mesmo assim abriram fogo até que o ser caiu e ficou imóvel, depois disso a mulher saiu da casa a fim de ver o que ou quem era que ali estava e que fazia tantas desgraças na vida de todos os moradores da região, enquanto a mulher checava o ser os dois foram recarregar as armas, nesse momento o bicho ou criatura agarrou a mulher na altura do rosto e os eletricistas voltaram a atirar e também acertaram a mulher, mas a criatura pulou por cima do galinheiro e Embrenhou-se no mato.

Meu avô ficou aterrorizado com o relato, instantes depois chegou o filho da mulher vindo do outro lado da casa e desesperado, eles socorreram a mulher e chamaram a policia pelo radio da caminhonete, contaram a mesma coisa que estou contando aqui para vocês, porém só arrancaram gargalhadas do delegado e dos investigadores que alegaram ser um ladrão que sempre ataca naquela região e come as galinhas e chupa p sangue dos bodes e cabras.

Mesmo assim passado algum meses meu avô e os dois rapazes voltaram ao local e foram conversar com a mulher e os vizinhos para realmente saber o que ocorreu aquele dia, eles passaram horas conversando com os moradores da região e todos dizem a mesma coisa, dizem que existe algo demoníaco ali, mas que esse bicho não ataca na luz e como aquele dia havia ocorrido uma falha na rede elétrica todas as casa estavam sem luz e a mercê do animal, verdade ou mentira, a conclusão que eles chegaram é que realmente existe alguma coisa que assusta os moradores daquela região e que todos acreditam nisso da mesma forma em que acreditam em Deus.


Meu avô sempre me contava esse fato, eu mesmo já fui visitar aquele lugar, porém, nada pude constatar, me restando apenas acreditar.

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