UM ESTRANHO NO ESTACIONAMENTO (CONTO)


Por Carla C. Waltrick
Já passava das 23 horas quando Alice percebeu que estava há muito tempo no laboratório de análises clínicas de sua faculdade onde a mesma estagiava.

A faculdade nem estava mais em funcionamento, o estacionamento estava vazio, a única presença além da dela no campus, era a do vigilante noturno, que estava totalmente concentrado em seu rádio de pilha que narrava o boletim de esportes.

Alice sempre foi esforçada, uma aluna exemplar, concluir o curso de Farmacologia era o seu maior sonho, para isso ela achava que ficar até tarde no estágio era necessário para seu desenvolvimento acadêmico.

Era uma noite como as de filme de terror, chuviscava, estava frio e Alice não tinha guarda-chuva.

A bela garota de olhos claros e cabelos cinzentos corria pelo estacionamento da faculdade até achar seu carro que estava estacionado no lugar mais longe que se podia imaginar. Entre a corrida, o frio, a chuva e cadernos, o jaleco, relatórios de pesquisa e os óculos caíram no chão...

Alice ficou desesperada, ela não podia perder seus relatórios. Quando se levantava toda despenteada, com os relatórios ensopados na mão, olha para o lado e vê uma pessoa vindo em sua direção.

Bom, a chuva não era mais problema, pois um rapaz se aproximou com um guarda-chuva e disse:

- Precisa de ajuda? Quer uma carona debaixo do meu guarda-chuva?

- Não, muito obrigada! O meu carro está logo ali!- Onde? Não tem carro nenhum aqui...

- Atrás da guarita...A chuva enfim, deu uma trégua...- Tudo bem, só quis ser gentil.

- E foi, eu que estou em estado de calamidade, um pouco irritada, meus relatórios estão ensopados, meu jaleco sujo e ainda por sinal, estacionei meu carro no pior lugar possível.

- Deixa eu me apresentar, Benício! (fechando o guarda-chuva)

- Alice! Agora tenho que ir.Alice saiu rapidamente dando passos longos, a mesma estava assustada com a aproximação do rapaz, imaginou que fosse um "tarado" ou um assaltante metido á "amiguinho".

Finalmente dentro de seu carro, seguiu para sua casa.

No caminho para sua residência há uma longa estrada deserta. Sua casa ficava em uma praia há 30 km da universidade. Ouvindo "The Reason" no seu toca fitas, cantarolando para passar a irritação de ter perdido a metade de seus relatórios, Alice vê um vulto e passa por cima de algo que fez estrumecer o carro.

Ela acha que passou por cima de alguém.

Alice encosta o carro, vai ver o que aconteceu... Mas nem chega perto do corpo caído no meio da estrada.

Era um rapaz caído no chão e estava em estado de decomposição, não havia morrido com o atropelamento, na verdade, nem houve atropelamento algum...

Com medo, Alice volta para o carro, acelera e vai embora.

Liga para a emergência, narra os fatos acontecidos, que havia um corpo na estrada, mas que ela não voltaria ao local. No dia seguinte, a garota lê o jornal da cidade, vê a foto do rapaz e era o mesmo do estacionamento.

Ele se chamava Benício, estava há seis dias desaparecido, foi assassinado e o criminoso não foi identificado. Alice não acreditava no que estava lendo, do que viu, será que foi o espírito do rapaz que falou com ela no estacionamento?

Isso ela nunca saberá. Alice só sabe, que de alguma forma, naquele estacionamento, ele veio oferecer ajuda á ela, pois ele já sabia que ela o ajudaria a ser encontrado.

FIM.

Por Carla.

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