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A SÉTIMA PÉTALA

A SÉTIMA PÉTALA Autor: MÁRCIO BORDIN 3h50min. Da madrugada. Erik acordou com o irritante som do telefone tocando. Assustado com a hipótese de ter acontecido algo de grave com alguém de sua família, mais do que depressa ele atende o aparelho, porém, quando coloca o fone no ouvido, não ouve absolutamente nada, seu telefone está mudo. Estava muito tarde para conferir o que tinha acontecido com sua linha, deixou para cuidar disso pela manha bem cedo e, quanto ao fato de tê-lo ouvido tocando, talvez tivesse sido apenas um sonho. Então o jovem advogado decidiu voltar a dormir, pois teria que estar no tribunal às sete da manha, mas, quando repousa sua cabeça sobre o travesseiro, é a campainha que começa a tocar.Rapidamente ele veste um roupão e desce as escadas, correndo, para atender à porta, não sem antes pegar o revolver calibre 38 na gaveta de seu criado-mudo, nunca se sabe quem pode estar do outro lado da porta a essa hora da noite. Cuidadosamente, Erik esconde a mão que segura a ar

O VERME

O VERME Autor: AUGUSTO GALERY AUTOR: AUGUSTO GALERY O verme virou-se para a mulher de dentro de seu aquário, como se pudesse encará-la de sua face sem olhos e sorrir um sorriso maligno, mesmo sem boca. Flutuou no ar do aquário contorcendo-se. E instantes depois penetrou na cabeça da mulher, perfurando sua testa com brocas invisíveis. A mulher debateu-se enquanto o verme penetrava seu crânio e em seguida todos os objetos da casa tomaram vida. O último desejo consciente que a mulher teve foi que as vozes vindas da geladeira e do escorredor de pratos fosse uma alucinação. Completamente entregue aos objetos da casa, a mulher tentou desligar as trempes do fogão, que giravam e combustavam enquanto os fósforos, da caixa com centenas, ignizavam-se espontaneamente no gás que escapava. Abriu a torneira, mas a água tentava-lhe escapar, assim como o pano de pratos enrolou-se em sua mão, sem deixá-la usá-lo para abafar as chamas. Com um grito “banzai”, o pano transformou a mão da mulher numa grand

A SOMBRA RASTEJANTE

A SOMBRA RASTEJANTE Autor: ROGÉRIO SILVÉRIO DE FARIAS A SOMBRA RASTEJANTE ROGÉRIO SILVÉRIO DE FARIAS (Para P. Soriano, H. Evaristo e Linx, desbravadores temerários do grotesco e do inverossímil , os que rasgaram o véu dos sonhos negros e abissais) Eu vi o horror, ele é negro e medonho, viscoso e imundo, rasteja ligeiro nas sombras da noite, é uma coisa ímpia e iníqua, uma blasfêmia viva e sórdida, aterrorizante, uma entidade demoníaca não deste mundo, mas das múltiplas cloacas purulentas das profundezas do Inferno, uma vida atemporal banida, exilada na Terra, coexistindo conosco, agora e para todo o sempre, aqui, nesta esfera insana onde nós, tolos mortais, padecemos na miséria do nada de nossa triste condição humana. Senhores, sou um pobre miserável e desgraçado por ter o dom de ver coisas que perambulam na escuridão maldita da noite. Ter essa estranha faculdade, essa clarividência lancinante, me faz sofrer, destarte, desejo morrer o quanto antes. Rezo a Deus toda noite para que me m

O ATAQUE DO MEGATRON

O ATAQUE DO MEGATRON Autor: JURANDIR ARAGUAIA O Ataque do Megatron Sempre me vejo nesses futuros-passados distantes vivendo outra vida que também é minha. Surto nesses incontáveis universos paralelos que se fundem em momentos específicos do contínuo-espaço-tempo. Encontro-me na idade de dez anos e adoro circular pelas vizinhanças de meu bairro em potentes e impensáveis bicicletas. Não possuem as correntes normais às quais estamos acostumados. Pedalamos com velocidade sobre feixes de raios que oferecem resistência suficiente a trabalhar os músculos e impulsionar o artefato. São feitas por fibras de metal cuja cor varia conforme nosso estado de ânimo e, sendo crianças, todos os matizes se misturam dando a cada veículo conotação especial e particularíssima. Meu grupo de amigos e eu nos deslocamos para um terreno baldio próximo no qual foram lançadas as bases de pomposa edificação. As construções eram efetuadas em indústrias específicas e os prédios transportados em bloco para o terreno n

O ENCONTRO

O ENCONTRO Autora: CELLY BORGES O Encontro Dedicado ao meu Irmãzinho das Sombras: Paulo Soriano E o que eu poderia fazer além de clamar aos céus para que eu estivesse sonhando? Mas foi um pedido errado, eu deveria ter implorado para me livrar daquele pesadelo. Mas ainda assim teria sido tarde demais... Primeiramente eu estava dormindo, porém de alguma maneira minha alma pressentiu e meus olhos se abriram, deparei-me com aquele ser fantástico ali, sentado na poltrona próxima à lareira, de pernas cruzadas, lendo um livro. Minha mente, tão insana, ainda teve tempo para ler o nome do autor: Paulo Soriano. Até eu, que na minha insignificância literária, já ouvira falar daquele escritor, sabia que era um dos maiores autores de terror que o mundo já conhecera. Mas agora eu vivia uma história deste gênero. – Adoro este Paulo Soriano, disse a terrível criatura, um demônio, e deixou o volume na poltrona e se dirigiu a mim. Como era medonho! O rosto, uma massa disforme, apresentava alguns buraco

O CHINÊS

O CHINÊS Autor(a): Jeanine Geraldo O CHINÊS Jeanine Geraldo O vento formava e desmanchava as formas das nuvens no céu azul, produzindo um farfalhar musical nas folhas das árvores. A luz dourada do sol se refletia no pequeno lago. Deitado na grama, Ling observava calmamente uma abelha que voava de um lado para o outro procurando uma flor de néctar saboroso. O pequeno chinês se entretinha ao seguir a trajetória do inseto ao seu redor. Flores pendiam abundantemente das árvores perto do lago de superfície espelhada cujas águas eram prateadas como mercúrio. A grama começava a espetar incomodamente as costas do menino, cobertas apenas por um quimono branco de algodão com um ideograma bordado graciosamente com linha vermelha na parte de trás. Ling tirou as costas do chão, curvando-se sobre a barriga, flexionou os joelhos e apoiando as mãozinhas no chão, levantou-se. Sobre os tamanquinhos de madeira, começou a andar em volta do lago. Seus olhar brilhante e perspicaz observando atentamente a s

EU TENHO MEDO

EU TENHO MEDO Autor: Robert Filipe EU TENHO MEDO Autor: Robert Filipe Chovia, chovia aquela noite como há muito tempo não chovia naquela pacata cidade do interior, a tempestade havia chegado há pouco tempo, mas já havia afugentado os pouco aventureiros da noite nas estranhas ruas de Fordenville; podia-se ouvir as descargas elétricas estraçalharem arvores e o que mais encontrassem para descontar sua fúria. O Sr Bill acendia um de seus charutos fedorentos, para espantar o mau cheiro, mau cheiro que talvez nem existisse senão em sua mente, mas seu trabalho não era dos mais agradáveis, por assim dizer; era coveiro e zelador do cemitério de Fordenville, ele podia sentir o cheiro fétido da morte desde o primeiro dia desses 30 anos que trabalhava ali, mas teve de aprender a conviver com ele, e a fumar charutos fedorentos. Ele estava amparado na pequena janela de seu aposento de duas peças, dentro do que ele chamava de quarto, apreciando a tempestade que caía sobre Fonderville; se ele não est